A Down North Pizza da Filadélfia rapidamente apareceu nas listas dos melhores locais para se comer uma boa pizza na cidade!
A agitação é tanta, que a pizza mais vendida da casa costuma mudar, dependendo do que foi publicado recentemente na imprensa, disse o chef executivo Michael Carter ao portal NPR.
O sabor das pizzas, de fato, é sem igual, como comprovam os clientes, mas existe outro motivo para esse sucesso desenfreado do restaurante: contratar pessoas anteriormente encarceradas e convencer outros empregadores a fazer o mesmo.
O proprietário Muhammad Abdul-Hadi fez as contas e, somente os funcionários da cozinha, somam mais de 60 anos de prisão. O homem diz que todos na pizzaria são a prova viva de que é possível construir um negócio em torno dos ex-encarcerados.
A cada ano, aproximadamente 600 mil pessoas deixam as prisões estaduais ou federais dos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Cerca de 9 milhões de pessoas passam algum tempo na prisão.
Na Filadélfia, onde fica a pizzaria, registrou-se uma das maiores taxas de encarceramento do país. Down North Pizza fica em um bairro onde 1.000 pessoas voltam da prisão anualmente, conforme levantamentos.
Como todo mundo que trabalha em Down North, Carter passou um tempo na prisão (12 anos), desde seus 16 anos. Mais tarde, ele foi para a escola de culinária e finalmente obteve sucesso em restaurantes, mas credita isso ao tempo enclausurado, que lhe ensinou sobre a produção em massa. Na cadeia, ela se recorda de que era preciso alimentar mais de 4 mil pessoas por dia, com três refeições.
Ele agora usa a própria história para convencer outros empregadores a contratar pessoas que estiveram atrás das grades, pois quando ele foi solto, teve de esconder essa experiência ao se candidatar a empregos, recordação que lhe traz muita tristeza.
Para quebrar o ciclo de encarceramento e estigma, a Down North Pizza tenta modelar apenas as condições de trabalho. Primeiro, o pagamento começa em 15 dólares por hora, cerca de 75 reais. O sous chef Jamar Johnson disse que, mesmo com experiência na indústria de alimentos, seu histórico, muitas vezes, significava que ele foi desvalorizado. Ele veio de uma experiência de emprego em que o lavador de pratos ganhava mais que ele. Disse isso com vergonha.
Em segundo lugar, a empresa fornece suporte aos funcionários. Os dois apartamentos acima do restaurante estão disponíveis para os funcionários morarem. Os ex-presidiários costumam ter dificuldade para alugar uma casa por causa da discriminação e da falta de referências.
Também há um advogado pro bono disponível, se surgir um problema com os termos de sua liberação. As violações da liberdade condicional são uma forma de as pessoas serem levadas de volta à prisão, mesmo sem cometer um crime.
Por fim, a equipe é um grupo de apoio natural e os funcionários não precisam mais esconder seu passado no trabalho.
Em uma recente noite de sexta-feira, registrou-se um fluxo intenso de clientes na pequena loja. Muitos clientes dizem que viajaram de toda a cidade porque ouviram falar da comida.
Keith Wiggins, um comprador, disse que não sabia da missão da pizzaria, mas que lhe agradava. Seu filho está cumprindo longa sentença numa prisão no centro da Pensilvânia.
Ele disse que estava feliz em ver um negócio próspero de propriedade de negros em seu bairro, que está emanando uma luz positiva.
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