A vereadora, professora Josete (PT), abriu os discursos dos vereadores. A petista defendeu o colega de partido e se diz frustrada por ser vereadora, pois, o “critério de imparcialidade muitas vezes não existe”. A vereadora cobrou embasamento técnico para a cassação de Freitas.
“Por que o vereador Renato Freitas precisa ser cassado? Não houve nenhuma denúncia das outras pessoas que estiveram no dia. Os atos de protesto contra as mortes cruéis e injustificadas de pessoas negras aconteceram em todo país. A manifestação foi em frente a uma igreja dos negros e não houve nenhum ato de violência”, disse a vereadora do PT.
Professora Josete concluiu sua fala dizendo que Renato Freitas foi eleito de forma legítima e que tirar seu mandado ameaça a democracia. “Peço desculpas a população negra e para aqueles que por sua caminhada, votaram em um vereador negro da periferia e que se sentem representados por Freitas”, finalizou.
Antes da votação, além de Josete, outros quatro vereadores usaram o tempo de fala. Manifestaram-se contrariamente também Carol Dartora (PT), Dalton Borba (PDT) e Maria Letícia (PV). O vereador Denian Couto (Pode), favorável à cassação, também usou a tribuna antes de votar.
Já na justificativa de voto, ao final da sessão, Amália Tortato (Novo), que é a corregedora da Câmara, afirmou que os atos de Freitas já tinham sido considerados como quebra de decoro pela Comissão de Ética. “É isso que está em jogo. Qualquer narrativa diferente dessa é querer colocar a culpa no professor quando tira nota baixa”, disse.
“Eu não estou feliz por estar analisando esse caso. Não acho que tenhamos nada a comemorar, mas eu defendo a liberdade com responsabilidade. Portanto acredito que cada pessoa deve responder por seus atos. Não cabe a nós passar a mão na cabeça de quem não respeitou o cargo que ocupa".
Entenda o caso
Renato Freitas foi investigado pela suposta invasão à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Largo da Ordem, em Curitiba, no dia 5 de fevereiro. O vereador participava de um protesto contra a morte do congolês Moïse Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, no Rio de Janeiro.
Em 11 de maio, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar (CEDP) entendeu, por 5 a 2 votos, que Freitas, durante ato contra o racismo no mês de fevereiro, perturbou culto religioso e realizou ato político dentro da igreja, quebrando o decoro parlamentar.
O petista conseguiu uma liminar na Justiça que suspendeu a votação, até que fosse investigado um e-mail com conteúdo racista recebido por Renato Freitas e assinado pelo também vereador Sidnei Toaldo (Patriota). Liminar essa que foi revogada na tarde de segunda-feira (20), já que uma sindicância da Câmara concluiu que o conteúdo foi forjado e disparado por um serviço de hackers hospedado na República Tcheca.
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